Aprendiz de um corpo doente
Pelo olhar saudável observo o corpo que se dobra, segura a cabeça que parece pesar mais que de costume, pequenos golpes nas víceras, o revirar de dentro comprime o corpo, não faz sentido sentar, cruzar as pernas, ler, não faz sentido palestrar - mover-se demais são excessos dos sãos – dizer sim ou não é um esforço imenso: a dor das escolhas, acatar a dor, resignar, resistir, faz sentido calar, silenciar ao máximo o mundo, o mínimo para continuar, para conseguir estar ali, a melhor posição é aquela que reduz a dor ao mínimo possível, por isso é preciso que ninguém toque, fale ou carregue pois é preciso escutar o balançar da dor até colocá-la em travesseiros, deitar a dor em algum canto do corpo, recolher-se, fechar os olhos, entrar nos domínios do sono, respirar, dissolver-se por inteiro, dentro e fora, para já não ter mais solidez para a dor revirar, para já não ser mais nada a adoecer.
Leonardo França
2 comentários:
Oi Leo e Paula, receberam meu email antes de vcs viajarem
Confesso que não li nada do blog ainda, só passei aqui pra deixar um beijo pra vocês e dizer que eu e o pessoal da turma estamos morrendo de saudades
Beijos
Fernando
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