quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Aprendiz de um corpo doente

 

Pelo olhar saudável observo o corpo que se dobra, segura a cabeça que parece pesar mais que de costume, pequenos golpes nas víceras, o revirar de dentro comprime o corpo, não faz sentido sentar, cruzar as pernas, ler, não faz sentido palestrar - mover-se demais são excessos dos sãos – dizer sim ou não é um esforço imenso: a dor das escolhas, acatar a dor, resignar, resistir, faz sentido calar, silenciar ao máximo o mundo, o mínimo para continuar, para conseguir estar ali, a melhor posição é aquela que reduz a dor ao mínimo possível, por isso é preciso que ninguém toque, fale ou carregue pois é preciso escutar o balançar da dor até colocá-la em travesseiros, deitar a dor em algum canto do corpo, recolher-se, fechar os olhos, entrar nos domínios do sono, respirar, dissolver-se por inteiro, dentro e fora, para já não ter mais solidez para a dor revirar, para já não ser mais nada a adoecer.  

Leonardo França

2 comentários:

Fernando Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando Lopes disse...

Oi Leo e Paula, receberam meu email antes de vcs viajarem

Confesso que não li nada do blog ainda, só passei aqui pra deixar um beijo pra vocês e dizer que eu e o pessoal da turma estamos morrendo de saudades

Beijos

Fernando